Quem sou eu

A equipe é composta pela coordenadora Francisca Borges e por nove articuladoras, sendo elas: Ana Paula, Bethel, Eliete, Janete, Márcia Aguiar, Márcia Coimbra, Sabrina, Saluena e Sandra.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Artigo Publicado no 2º número da Revista Acontece no BIA

"Coordenação Coletiva – Espaço Garantido para Formação e Planejamento."


 

Mirian de Oliveira


 

O anexo único à portaria nº 74, de 29 de janeiro de 2009, torna obrigatório a participação de gestores, Assistente Pedagógico, Orientador, Equipe Especializada de Apoio à Aprendizagem (EEAA), Coordenadores e Professores, ás quartas-feiras da coordenação coletiva da Instituição Educacional em todo o Distrito Federal.

Espaço garantido para formação continuada e planejamento coletivo, suprimindo a prática individualista no âmbito da escola pública.

A coordenação coletiva favorece a organização do trabalho pedagógico, estudos de temas relevantes contemplados no Projeto Político Pedagógico da escola, garantem condições de viver plenamente a cidadania, cumprindo seus deveres e usufruindo seus direitos, conscientiza todos da responsabilidade de propiciar aos estudantes a cultura do sucesso escolar. Para que isso aconteça é preciso desarraigar de suas práticas, dentre outras distorções a cultura da repetência que tem se apresentado como solução à não aprendizagem.

Momento necessário para estudos do: Projeto Político Pedagógico, currículo e regimento escolar, assim como reavaliar as práticas institucionais, a construção e reconstrução de projetos interventivos que apontem a possibilidade de desenvolvimento de trabalho coletivo e contextualizado. A coordenação coletiva é um espaço que oportuniza a discussão, a troca, o diálogo e a reflexão do trabalho docente, emergente dos instantes ricos da coordenação pedagógica.

O planejamento de ensino sob a forma de centro de interesse não permitia a articulação da ação pedagógica em todos os níveis de ensino. Além disso a fragmentação das práticas precisava ser superada, o grupo optava pela organização do ensino por meio de temas geradores.


 

A tematização da realidade é feita, então, com base em problemas ou necessidades que se evidenciam nas mediações com o estudante que possam ser imediatamente atendidos, serem encaminhados para as vivências ou participarem dos reagrupamentos que facilitariam o processo de alfabetização e letramento, de acordo com a Proposta Pedagógica do Bloco Inicial de Alfabetização - BIA, considerando as fases do desenvolvimento humano, as características pessoais e o contexto sociocultural do estudante. Este procedimento didático foi utilizado com sucesso nas instituições de ensino, desde a instituição dos Centros de Referência em Alfabetização – CRAS, por meio da Portaria nº 283 de 2005 da Secretaria de Educação do Distrito Federal, com a função de atender às demandas apresentadas pelas instituições que atuam com turmas do BIA, acompanhando e subsidiando o trabalho desenvolvido e contribuindo com projetos construídos pelos professores, coordenadores e equipes nas condições coletivas seguindo os princípios metodológicos da Proposta Pedagógica do BIA. Neste sentido, consideram-se como essenciais os seguintes princípios:

  • formação continuada de professores;
  • trabalho coletivo em reagrupamento de alunos;
  • trabalho com Projeto Interventivo;
  • avaliação formativa no processo de ensino e de aprendizagem.

A proposta do BIA requer planejamento e execução de ações conscientes que comprometam todos os envolvidos a planejar e desenvolver atividades pedagógicas de acordo com as especificidades do ensino ou características do grupo, que supere a história de fracasso constituída nos anos iniciais de alfabetização.

Aos gestores, cabe a responsabilidade de conscientizar os profissionais envolvidos na construção coletiva a importância do "aprender a ensinar", valorizar a reorganização do trabalho pedagógico, de modo a favorecer a troca de informações, aos estudos, a realização de oficinas e a divulgação de ações pedagógicas que contribuam com a formação do sujeito desta AÇÃO-REFLEXÃO-AÇÃO, transformando e potencializando as ações educativas diárias.


 

Segundo Marques (1988, p.p. 160 a 165)

"A aprendizagem realiza-se nas relações face a face, ou melhor, ouvido a ouvido de alunos e professores postos à escuta das vozes que os interpelam. Ao educando cabe a palavra da realidade nova interpelante; ao educador, a palavra alicerçada na experiência de vida a capacidade de discernimento, no compromisso com a busca do saber, com a precisão cabe também a disciplina do estudo, com a interpretação ética da vontade coletiva, na finalidade ao projeto da emancipação humana."


 

Nas propostas da escolares, a avaliação do processo de ensino e aprendizagem assume também um caráter coerente com as concepções que orientam a ação educativa, é considerada como um elemento de diagnóstico permanente, auxiliando professores, estudantes e pais no acompanhamento do processo educativo.

Os docentes já conseguem conceber a avaliação como mediação para rever suas práticas, graças à re-leitura constante do fazer pedagógico em cursos de formação, em estudos que os tornam capazes de "olhar" e atender à necessidades dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem.

Segundo Hoffman (Mediação, 1999): "Não há como se falar em avaliação qualitativa, enquanto acompanhamento e mediação, que não aconteça no cotidiano da ação educativa e que não absorva a dinâmica da construção do conhecimento."

O repensar da prática caracteriza o modo de ser e de fazer do professor, fator determinante do que acontece na sala de aula, propiciar constante reflexão a cerca das ações e conseqüentemente mudanças de suas práticas pedagógicas. Freire (Paz e Terra, 1996), afirma –que " para o educador" o ato de aprender é uma constante construção/- reconstrução de saberes adquiridos e compartilhados ao longo de todo processo pedagógico, concomitantemente ligado à ação de constatar para mudar".

Sabe-se que esta constatação não está relacionada somente ao professor, mas do mesmo está sempre adquirindo novos aprendizados laçando-se a novos saberes, e isto resulta em mudanças de vários aspectos, gerando enriquecimento tanto para o educador quanto para o educando. Para Silva (SEDF, 2008).


 

"Cabe ao professor assumir o seu papel de protagonista da mudança, como profissional que tenha mais do que a competência técnica; tenha o compromisso político com as mudanças que são indispensáveis e urgentes. Para isso, são necessárias políticas de formação de professores que conheçam como princípios: A complexidade da realidade social e de sala de aula".

Paralelamente, o trabalho escolar deve dirigir-se no sentido de estimular no estudante o ser dirigente, o que exige esforço e disciplina, não uma disciplina exterior imposta e não educativa. Mas uma concepção de disciplina estabelecida pela própria coletividade, o que na escola seria envolver a todos no seu caminhar. Esta idéia é o germe da construção coletiva que deve permear as ações da escola.


 


 

Miriam de Oliveira é Pedagoga, Especialista em Gestão e Orientação Educacional, professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal, atua na Equipe Especializada de Apoio à Aprendizagem – EEAA do Centro de Ensino Fundamental Myriam Ervilha.


 


 


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

__. Portaria 283 de 15 de setembro de 2005. Organização e Funcionamento do Ensino Fundamental com nove anos no Distrito Federal, 2005.

__. Portaria nº 74 de 29 de janeiro de 2009.

Freire, Paulo. Pedagogia e Autonomia: Saberes necessários à prática pedagógica. São Paulo: Paz e Terna, 1996.

Hoffmann, Jussara. Avaliação na pré-escola; Um olhar sensível e reflexível sobre a criança. Porto Alegre; Mediação, 1999.

__ Marques, Mario Osório. Conhecimento e educação. Ijuí, Unijuí, 1988. (PP. 160 a 165).

__Silva, Edileuza Fernandes da. Acontece no BIA (artigo) revista ano 1, edição 01 (p. 23 – 2008).

quarta-feira, 17 de março de 2010

I Fórum de Coordenadores e Supervisores 2010

Realizaremos nesta sexta-feira dia 19 de março, o I Fórum de Coordenadores e Supervisores deste ano, não deixem de participar!!

Artigo publicado no 2º número da Revista Acontece no BIA

A MEMÓRIA E A ALFABETIZAÇÃO NO BIA


 

Alessandro Araújo Bezerra

Mariluce Mirian G. dos Santos


 

         A vida é uma grande educadora; nos oferece oportunidades ao mesmo tempo em que nos estabelece obstáculos. Em tempos bíblicos a longevidade era tida por uma bênção divina, e a morte prematura parecia a muitos um castigo. A vida vem nos mostrando que o que pode se estabelecer como divina é a capacidade que cada um adquire, ao longo do tempo em sentir-se feliz com suas diversas realizações.

    A formação continuada de um profissional em educação, por exemplo, pode trazer uma sensação de prazer, ao fazer com que o sujeito abra os olhos e o coração e perceba que a leitura gera conhecimento levando-o à sabedoria (que na verdade significa, proximidade com Deus).

O que não se pode é perder-se em suas memórias. A memória é uma evocação ao passado. É a capacidade humana para reter e guardar o tempo que se foi, salvando-o da perda total. A lembrança conserva aquilo que aparentemente se foi e talvez não retornará jamais. Aí entra a função do letramento, que se bem fundamentado por um bom profissional alfabetizador, assegura ao alfabetizando a função máxima do conhecimento que é o conhecer uma realidade para transformá-la.

         Para alguns filósofos, a memória é a garantia de nossa própria identidade. Assim ao se alfabetizar uma pessoa, estabeleceu-se com ela uma conexão profunda com seu "eu" e o mundo do qual participa. Em sua obra Confissões, Santo Agostinho escreve:

Chego aos campos e vastos palácios da memória, onde estão tesouros de inumeráveis imagens trazidas por percepções de toda espécie....É lá que encontro a mim mesmo...

          Fica claro que a partir do letramento, a pessoa entra em um novo mundo de percepções contínuas, vendo-se como ser atuante e não casto de conhecimentos e ações transformadoras. Percebe-se isto, claramente ao se observar o desenvolvimento das crianças. Ao longo de sua alfabetização, ela atua como um ser teatral, que busca personagens, fantasias e sensações consigo e com outros, conhecendo-se, transformando-se e identificando pessoas e objetos que serão armazenados em sua memória, para com o tempo teorizar em relação às suas lembranças. Por isso um professor alfabetizador que não se identifica com a capacidade de memorização de uma criança, deixará lacunas e sensações frustrantes que serão
de sua responsabilidade, bloqueando pensamentos e até sentimentos. Isto pode ocorrer pelo fato de que no momento em que a mesma se alfabetiza, a utilização da imaginação é ferramenta fundamental.

          A imagem que cada criança faz de seu professor ou de sua professora é na verdade um rastro ou um vestígio deixado pela percepção que ela carrega da relação que se estabeleceu com ele(a). Os empiristas, por exemplo, falam das imagens como reflexos mentais das percepções ou das impressões, cujos traços foram gravados no cérebro. A memória é retenção e a imaginação é protensão.

          Diante então, do que todo o corpo docente demonstra saber sobre alfabetização, letramento, educação formal, etc... acredito ser extremamente necessário não descuidarmos sobre nossa própria formação e não deixarmos que nossas memórias e lembranças se percam por omissões ou descuidos administrativos. Ao longo da história do Bloco Inicial de Alfabetização em Samambaia, tivemos muitos momentos nos quais a discussão pedagógica, com ênfase na formação continuada e nos registros avaliativos dos gestores, alunos e professores eram contínuos e seqüenciais. Não podemos perder a essência do BIA que é o de formar professores e atuar para que cada Instituição Pública de Ensino possua uma identidade concreta, voltada para o atendimento às necessidades educacionais de cada aluno e não presa a mecanismos administrativos e políticos.

As escolas em Samambaia sempre mostraram suas capacidades em especial a partir de 2006, a essência pedagógica das escolas vieram à tona e magníficos avanços vem se conquistando. Por isso a importância do BIA para as escolas, sejam elas do Ensino Fundamental ou mesmo do Ensino Médio. As escolas não podem ficar refém de pessoas e sim alimentar suas almas de ações pedagógicas que visem o bem estar de seus envolvidos, a formação contínua de seus profissionais e a busca de aprendizagem para todos, sem exceção.

          O ato de ensinar é uma das condições humanas. Dificilmente encontramos profissões que exigem tanto do profissional quanto a de Professor. Sua exposição demasiada aos estudantes ás família destes estudantes e à sociedade em geral, o faz permanentemente sentir-se "acordado" mesmo quando "dormindo". O seu cansaço físico não supera o mental, pois sua força, sua paixão e seu heroísmo em ensinar ou gerir, muitas vezes disfarçam suas dores corporais. O que não quer dizer que essa compreensão esconda suas fragilidades.

Desta maneira não podemos esquecer que além da rotina, o prazer em se manter dentro de um ambiente escolar é necessário, o que leva ao gestor a responsabilidade de criar e manter situações agradáveis para todos, como espaço para a Coordenação do BIA, espaço de discussão e estudos para os professores, espaço para um bom bate-papo durante uma xícara de café e acima de tudo valorizar todos os tempos possíveis, desburocratizando ações e vivenciando conquistas.