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A equipe é composta pela coordenadora Francisca Borges e por nove articuladoras, sendo elas: Ana Paula, Bethel, Eliete, Janete, Márcia Aguiar, Márcia Coimbra, Sabrina, Saluena e Sandra.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Artigo publicado no 2º número da Revista Acontece no BIA

A MEMÓRIA E A ALFABETIZAÇÃO NO BIA


 

Alessandro Araújo Bezerra

Mariluce Mirian G. dos Santos


 

         A vida é uma grande educadora; nos oferece oportunidades ao mesmo tempo em que nos estabelece obstáculos. Em tempos bíblicos a longevidade era tida por uma bênção divina, e a morte prematura parecia a muitos um castigo. A vida vem nos mostrando que o que pode se estabelecer como divina é a capacidade que cada um adquire, ao longo do tempo em sentir-se feliz com suas diversas realizações.

    A formação continuada de um profissional em educação, por exemplo, pode trazer uma sensação de prazer, ao fazer com que o sujeito abra os olhos e o coração e perceba que a leitura gera conhecimento levando-o à sabedoria (que na verdade significa, proximidade com Deus).

O que não se pode é perder-se em suas memórias. A memória é uma evocação ao passado. É a capacidade humana para reter e guardar o tempo que se foi, salvando-o da perda total. A lembrança conserva aquilo que aparentemente se foi e talvez não retornará jamais. Aí entra a função do letramento, que se bem fundamentado por um bom profissional alfabetizador, assegura ao alfabetizando a função máxima do conhecimento que é o conhecer uma realidade para transformá-la.

         Para alguns filósofos, a memória é a garantia de nossa própria identidade. Assim ao se alfabetizar uma pessoa, estabeleceu-se com ela uma conexão profunda com seu "eu" e o mundo do qual participa. Em sua obra Confissões, Santo Agostinho escreve:

Chego aos campos e vastos palácios da memória, onde estão tesouros de inumeráveis imagens trazidas por percepções de toda espécie....É lá que encontro a mim mesmo...

          Fica claro que a partir do letramento, a pessoa entra em um novo mundo de percepções contínuas, vendo-se como ser atuante e não casto de conhecimentos e ações transformadoras. Percebe-se isto, claramente ao se observar o desenvolvimento das crianças. Ao longo de sua alfabetização, ela atua como um ser teatral, que busca personagens, fantasias e sensações consigo e com outros, conhecendo-se, transformando-se e identificando pessoas e objetos que serão armazenados em sua memória, para com o tempo teorizar em relação às suas lembranças. Por isso um professor alfabetizador que não se identifica com a capacidade de memorização de uma criança, deixará lacunas e sensações frustrantes que serão
de sua responsabilidade, bloqueando pensamentos e até sentimentos. Isto pode ocorrer pelo fato de que no momento em que a mesma se alfabetiza, a utilização da imaginação é ferramenta fundamental.

          A imagem que cada criança faz de seu professor ou de sua professora é na verdade um rastro ou um vestígio deixado pela percepção que ela carrega da relação que se estabeleceu com ele(a). Os empiristas, por exemplo, falam das imagens como reflexos mentais das percepções ou das impressões, cujos traços foram gravados no cérebro. A memória é retenção e a imaginação é protensão.

          Diante então, do que todo o corpo docente demonstra saber sobre alfabetização, letramento, educação formal, etc... acredito ser extremamente necessário não descuidarmos sobre nossa própria formação e não deixarmos que nossas memórias e lembranças se percam por omissões ou descuidos administrativos. Ao longo da história do Bloco Inicial de Alfabetização em Samambaia, tivemos muitos momentos nos quais a discussão pedagógica, com ênfase na formação continuada e nos registros avaliativos dos gestores, alunos e professores eram contínuos e seqüenciais. Não podemos perder a essência do BIA que é o de formar professores e atuar para que cada Instituição Pública de Ensino possua uma identidade concreta, voltada para o atendimento às necessidades educacionais de cada aluno e não presa a mecanismos administrativos e políticos.

As escolas em Samambaia sempre mostraram suas capacidades em especial a partir de 2006, a essência pedagógica das escolas vieram à tona e magníficos avanços vem se conquistando. Por isso a importância do BIA para as escolas, sejam elas do Ensino Fundamental ou mesmo do Ensino Médio. As escolas não podem ficar refém de pessoas e sim alimentar suas almas de ações pedagógicas que visem o bem estar de seus envolvidos, a formação contínua de seus profissionais e a busca de aprendizagem para todos, sem exceção.

          O ato de ensinar é uma das condições humanas. Dificilmente encontramos profissões que exigem tanto do profissional quanto a de Professor. Sua exposição demasiada aos estudantes ás família destes estudantes e à sociedade em geral, o faz permanentemente sentir-se "acordado" mesmo quando "dormindo". O seu cansaço físico não supera o mental, pois sua força, sua paixão e seu heroísmo em ensinar ou gerir, muitas vezes disfarçam suas dores corporais. O que não quer dizer que essa compreensão esconda suas fragilidades.

Desta maneira não podemos esquecer que além da rotina, o prazer em se manter dentro de um ambiente escolar é necessário, o que leva ao gestor a responsabilidade de criar e manter situações agradáveis para todos, como espaço para a Coordenação do BIA, espaço de discussão e estudos para os professores, espaço para um bom bate-papo durante uma xícara de café e acima de tudo valorizar todos os tempos possíveis, desburocratizando ações e vivenciando conquistas. 


 

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