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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Artigo Publicado na Revista do Bloco Inicial de Alfabetização de Samambaia "Acontece no BIA" - Ano 3 - Edição 03/2010


ALFABETIZAÇÃO OU LETRAMENTO?

Ana Cristina Araújo dos Santos
Escola Classe 407

No mundo todo, as sociedades estão cada vez mais centradas na escrita. Ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever, tem se revelado condição insuficiente para responder adequadamente às demandas contemporâneas. Além da simples aquisição do código escrito, é preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriar-se da função o social dessas duas práticas; é preciso letrar-se.
Apesar de não ser registrado nos dicionários brasileiros, o conceito de “letramento” surgiu devido à insuficiência reconhecida do presente na escola, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar.
A palavra letramento, assim como o conceito que ela nomeia, entrou recentemente no nosso vocabulário. Apesar de não ter sido incluída nos mais recentes dicionários, sendo uma palavra usada quase que só por pesquisadores, o mesmo não acontece com o conceito que ela nomeia, uma vez que o conceito de alfabetização tornou-se insatisfatório.
O conceito de letramento no Brasil surgiu do reconhecimento de um fenômeno que, até então, não tinha significado social. (NASCIMENTO, 1998 p.9).
No início dos anos 90, começaram a surgir os ciclos básicos de alfabetização, em vários estados; mais recentemente a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996 criou os ciclos na organização do ensino.
O sistema de ensino e as escolas passam a reconhecer que alfabetização, entendida apenas como a aprendizagem da mecânica do ler e do escrever e que se pretendia que fosse feito em um ano de escolaridade, nas chamadas classes de alfabetização, é insuficiente. Além de aprender a ler e a escrever, a criança deve ser levada ao domínio das práticas sociais de leitura e escrita. Os procedimentos didáticos de alfabetização acompanham essa nova concepção: os antigos métodos e as antigas cartilhas são substituídos por procedimentos que levam as crianças a conviver, experimentar e dominar as práticas de leitura e de escrita que circulam na nossa sociedade tão centrada na escrita. (NASCIMENTO, 1998 p.18).
Segundo TFOUNI (1988, p. 16), em obra que foi uma das primeiras a não só utilizar, mas também a definir o termo letramento, conceitua-o em confronto com alfabetização, conceito que reafirma em obra posterior: “Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade”.
Assim, para TFOUNI, letramento são as conseqüências sociais e históricas da introdução da escrita em uma sociedade, “as mudanças sociais e discursivas que ocorrem em uma sociedade quando ela se torna letrada”. (1995, p.20).
Segundo MAGDA SOARES, em sociedades grafocêntricas como a nossa, tanto crianças de camadas favorecidas, quanto crianças de camadas populares convivem com a escrita e com práticas de leitura e escrita cotidianamente, ou seja, vivem em ambientes de letramento.
Felizmente, a alfabetização é uma etapa que pode ser vencida pela esmagadora maioria das crianças, independentemente de Q.I ou nível sócioeconômico.
A discussão sobre os métodos se torna pertinente a partir da definição correta do objeto: se é letrar, a questão de métodos é irrelevante. Se é alfabetizar, o método se torna uma questão fundamental, e a pergunta, simples: Qual método funciona melhor?
É infrutífero falar de métodos ou materiais (cartilhas e outros) sem um acerto sobre o conceito de alfabetização. Essa discussão só vingará se o Ministério da Educação criar o foro e o mecanismo adequado para conduzí-la a chegar a bom termo como já ocorreu na maioria dos países. Estabelecer uma política adequada de alfabetização é a condição necessária para alfabetizar. Isso depende essencialmente da revisão dos Parâmetros é Curriculares Nacionais de alfabetização do MEC.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NASCIMENTO, Milton do. Alfabetização como objeto de estudo: uma perspectiva processual. In: ROJO, R, Alfabetização e Letramento. São Paulo. Editora Cortez, 1995.
SOARES, Magda Becker, (1998). Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: autêntica.
(2003). Alfabetização: a ressignificação do conceito. A alfabetização e cidadania; nº 16 p. 9-17.
TFOUNI, Leda Verdiani (1988). Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes. (1995). Letramento e alfabetização.

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