ALFABETIZAÇÃO OU LETRAMENTO?
Ana Cristina Araújo dos Santos
Escola Classe 407
Ana Cristina Araújo dos Santos
Escola Classe 407
No mundo todo, as sociedades estão cada vez mais centradas na escrita. Ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever, tem se revelado condição insuficiente para responder adequadamente às demandas contemporâneas. Além da simples aquisição do código escrito, é preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriar-se da função o social dessas duas práticas; é preciso letrar-se.
Apesar de não ser registrado nos dicionários brasileiros, o conceito de “letramento” surgiu devido à insuficiência reconhecida do presente na escola, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar.
A palavra letramento, assim como o conceito que ela nomeia, entrou recentemente no nosso vocabulário. Apesar de não ter sido incluída nos mais recentes dicionários, sendo uma palavra usada quase que só por pesquisadores, o mesmo não acontece com o conceito que ela nomeia, uma vez que o conceito de alfabetização tornou-se insatisfatório.
O conceito de letramento no Brasil surgiu do reconhecimento de um fenômeno que, até então, não tinha significado social. (NASCIMENTO, 1998 p.9).
No início dos anos 90, começaram a surgir os ciclos básicos de alfabetização, em vários estados; mais recentemente a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996 criou os ciclos na organização do ensino.
O sistema de ensino e as escolas passam a reconhecer que alfabetização, entendida apenas como a aprendizagem da mecânica do ler e do escrever e que se pretendia que fosse feito em um ano de escolaridade, nas chamadas classes de alfabetização, é insuficiente. Além de aprender a ler e a escrever, a criança deve ser levada ao domínio das práticas sociais de leitura e escrita. Os procedimentos didáticos de alfabetização acompanham essa nova concepção: os antigos métodos e as antigas cartilhas são substituídos por procedimentos que levam as crianças a conviver, experimentar e dominar as práticas de leitura e de escrita que circulam na nossa sociedade tão centrada na escrita. (NASCIMENTO, 1998 p.18).
Segundo TFOUNI (1988, p. 16), em obra que foi uma das primeiras a não só utilizar, mas também a definir o termo letramento, conceitua-o em confronto com alfabetização, conceito que reafirma em obra posterior: “Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade”.
Assim, para TFOUNI, letramento são as conseqüências sociais e históricas da introdução da escrita em uma sociedade, “as mudanças sociais e discursivas que ocorrem em uma sociedade quando ela se torna letrada”. (1995, p.20).
Segundo MAGDA SOARES, em sociedades grafocêntricas como a nossa, tanto crianças de camadas favorecidas, quanto crianças de camadas populares convivem com a escrita e com práticas de leitura e escrita cotidianamente, ou seja, vivem em ambientes de letramento.
Felizmente, a alfabetização é uma etapa que pode ser vencida pela esmagadora maioria das crianças, independentemente de Q.I ou nível sócioeconômico.
A discussão sobre os métodos se torna pertinente a partir da definição correta do objeto: se é letrar, a questão de métodos é irrelevante. Se é alfabetizar, o método se torna uma questão fundamental, e a pergunta, simples: Qual método funciona melhor?
É infrutífero falar de métodos ou materiais (cartilhas e outros) sem um acerto sobre o conceito de alfabetização. Essa discussão só vingará se o Ministério da Educação criar o foro e o mecanismo adequado para conduzí-la a chegar a bom termo como já ocorreu na maioria dos países. Estabelecer uma política adequada de alfabetização é a condição necessária para alfabetizar. Isso depende essencialmente da revisão dos Parâmetros é Curriculares Nacionais de alfabetização do MEC.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apesar de não ser registrado nos dicionários brasileiros, o conceito de “letramento” surgiu devido à insuficiência reconhecida do presente na escola, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar.
A palavra letramento, assim como o conceito que ela nomeia, entrou recentemente no nosso vocabulário. Apesar de não ter sido incluída nos mais recentes dicionários, sendo uma palavra usada quase que só por pesquisadores, o mesmo não acontece com o conceito que ela nomeia, uma vez que o conceito de alfabetização tornou-se insatisfatório.
O conceito de letramento no Brasil surgiu do reconhecimento de um fenômeno que, até então, não tinha significado social. (NASCIMENTO, 1998 p.9).
No início dos anos 90, começaram a surgir os ciclos básicos de alfabetização, em vários estados; mais recentemente a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996 criou os ciclos na organização do ensino.
O sistema de ensino e as escolas passam a reconhecer que alfabetização, entendida apenas como a aprendizagem da mecânica do ler e do escrever e que se pretendia que fosse feito em um ano de escolaridade, nas chamadas classes de alfabetização, é insuficiente. Além de aprender a ler e a escrever, a criança deve ser levada ao domínio das práticas sociais de leitura e escrita. Os procedimentos didáticos de alfabetização acompanham essa nova concepção: os antigos métodos e as antigas cartilhas são substituídos por procedimentos que levam as crianças a conviver, experimentar e dominar as práticas de leitura e de escrita que circulam na nossa sociedade tão centrada na escrita. (NASCIMENTO, 1998 p.18).
Segundo TFOUNI (1988, p. 16), em obra que foi uma das primeiras a não só utilizar, mas também a definir o termo letramento, conceitua-o em confronto com alfabetização, conceito que reafirma em obra posterior: “Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade”.
Assim, para TFOUNI, letramento são as conseqüências sociais e históricas da introdução da escrita em uma sociedade, “as mudanças sociais e discursivas que ocorrem em uma sociedade quando ela se torna letrada”. (1995, p.20).
Segundo MAGDA SOARES, em sociedades grafocêntricas como a nossa, tanto crianças de camadas favorecidas, quanto crianças de camadas populares convivem com a escrita e com práticas de leitura e escrita cotidianamente, ou seja, vivem em ambientes de letramento.
Felizmente, a alfabetização é uma etapa que pode ser vencida pela esmagadora maioria das crianças, independentemente de Q.I ou nível sócioeconômico.
A discussão sobre os métodos se torna pertinente a partir da definição correta do objeto: se é letrar, a questão de métodos é irrelevante. Se é alfabetizar, o método se torna uma questão fundamental, e a pergunta, simples: Qual método funciona melhor?
É infrutífero falar de métodos ou materiais (cartilhas e outros) sem um acerto sobre o conceito de alfabetização. Essa discussão só vingará se o Ministério da Educação criar o foro e o mecanismo adequado para conduzí-la a chegar a bom termo como já ocorreu na maioria dos países. Estabelecer uma política adequada de alfabetização é a condição necessária para alfabetizar. Isso depende essencialmente da revisão dos Parâmetros é Curriculares Nacionais de alfabetização do MEC.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NASCIMENTO, Milton do. Alfabetização como objeto de estudo: uma perspectiva processual. In: ROJO, R, Alfabetização e Letramento. São Paulo. Editora Cortez, 1995.
SOARES, Magda Becker, (1998). Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: autêntica.
(2003). Alfabetização: a ressignificação do conceito. A alfabetização e cidadania; nº 16 p. 9-17.
TFOUNI, Leda Verdiani (1988). Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes. (1995). Letramento e alfabetização.
SOARES, Magda Becker, (1998). Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: autêntica.
(2003). Alfabetização: a ressignificação do conceito. A alfabetização e cidadania; nº 16 p. 9-17.
TFOUNI, Leda Verdiani (1988). Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes. (1995). Letramento e alfabetização.
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